Maria Christina Carvalho
BEC aumenta em 37% a base de clientes do Bradesco no Ceará.
Bradesco já tinha 874 mil contas correntes e de poupança no estado e assumiu 323 mil do BEC, totalizando 1,197 milhão.
Dos novos clientes, 117 mil são funcionários públicos.
Bradesco pretende oferecer crédito consignado.
Em 10 dias, os clientes do BEC deverão ter acesso aos 20 mil terminais de auto-atendimento do Bradesco.
A tropa de choque do Bradesco desembarcou, ontem, no Banco do Estado do Ceará (BEC), adquirido por R$ 700 milhões, em leilão de privatização, em 21 de dezembro. O Bradesco comprou o BEC em uma disputa acirrada com a americana GE Money, que resultou em um ágio de 28,98% sobre o preço mínimo fixado.
O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, não lamenta: “Quando a gente compra, ganha o dia; quando vende, perde a noite”, afirmou por telefone, de Fortaleza, capital do Ceará.
O dinamismo da economia cearense ampliou os atrativos do BEC, disse Cypriano. Com um Produto Interno Bruto (PIB) que cresceu 11,4%, impulsionado por volumosos investimentos estrangeiros, o Ceará foi o estado cuja economia mais se desenvolveu em 2004, depois do Amazonas. Por isso, a compra do BEC abre a possibilidade de negócios não só com pessoas físicas – o ponto forte de todo banco estadual – mas também com pessoas jurídicas. O presidente do Bradesco calcula em 104 mil o número de empresas para as quais o banco pode oferecer produtos e serviços financeiros.
Além disso, o BEC aumenta em 37% a base de clientes do Bradesco no Ceará. O Bradesco já tinha 874 mil contas correntes e de poupança no estado e assumiu 323 mil do BEC, totalizando 1,197 milhão. Dos novos clientes, 117 mil são funcionários públicos. São clientes de renda elevada que não tinham produtos financeiros como cartões, consórcios, seguros e previdência.
Para os aposentados – o BEC paga o benefício de 186 mil pessoas -, o Bradesco pretende oferecer crédito consignado. O banco cearense já emprestava a funcionários públicos. Da carteira de crédito de R$ 273 milhões em junho, 97% são operações com pessoas físicas. Para os clientes pessoas jurídicas, o Bradesco vai estender linhas para investimento produtivo e repasses do BNDES, prometeu Cypriano ao governador do Ceará, Lúcio Alcântara.
O Bradesco terá exclusividade na administração das contas do funcionalismo e de fornecedores, pelo período de cinco anos. Segundo Cypriano, o Bradesco pretende conhecer o quadro de funcionários do BEC e o potencial da rede de agências antes de dimensionar eventuais cortes. A rede do BEC, com 70 agências, é mais do que o dobro das 29 do Bradesco. Cypriano disse apenas as que forem muito próximas serão eliminadas. “Vamos avaliar o espaço físico e vai prevalecer a agência que estiver mais bem situada”, explicou. Em 10 dias, os clientes do BEC deverão ter acesso aos 20 mil terminais de auto-atendimento do Bradesco.
Em relação aos funcionários do BEC, a intenção é avaliar os quadros. “Não vamos tomar nenhuma decisão de afogadilho. Vamos precisar de pessoal. O Bradesco tem um sistema de carreira fechada. Para trabalhar no banco, ou se começa como escriturário ou se entra por aquisição”, disse, lembrando que vários diretores vieram de bancos adquiridos. Cypriano trabalhou no Banco Bahia, adquirido na década de 70.
A nova diretoria do BEC será presidida por Cypriano, com os vice-presidentes do Bradesco, Arnaldo Vieira, Laércio Albino César, José Luiz Acar Pedro e Júlio Araújo. O diretor da regional Nordeste, Fernando Tenório, será responsável pela gestão executiva do BEC.