A disputa na venda de seguro automóvel promete ficar ainda mais acirrada a partir de agora. Isso porque a Bradesco Seguros, que lidera o ranking de vendas, com prêmios de R$ 227 milhões no primeiro bimestre deste ano, iniciou um teste piloto para adotar o perfil do motorista. Pode parecer uma notícia corriqueira, uma vez que os principais concorrentes já adotaram tal prática há tempos. Mas mostra o empenho da seguradora em manter a sua posição no ranking, alterando estratégias.
A disputa das seguradoras situa-se basicamente na faixa que compreende carros zero quilômetro e com menos de dez anos de uso. A frota de veículos em circulação no Brasil é estimada em 25 milhões, sendo que 14 milhões estão na linha alvo das companhias. Desse total, apenas 8 milhões contam com seguro. A carteira movimentou prêmios de R$ 1,47 bilhão no primeiro bimestre deste ano, alta nominal de 3,1% comparado ao mesmo período do ano anterior.
A Porto Seguro Seguros, considerada a mais especializada do segmento, vem em segundo, com vendas de R$ 217,6 milhões, seguida pela SulAmérica Seguros, com R$ 216,8 milhões, que também sinaliza mudanças na estratégia, com lançamento de produtos mais básicos, sem serviços que acabam encarecendo o custo.
A Itaú Seguros, responsável pela elaboração do ranking com base nos números divulgados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), vem em quarto lugar, com vendas de R$ 110 milhões, queda de 10,2% em relação aos dois primeiros meses de 2003.
A Mapfre Vera Cruz Seguros é a quinta maior do ramo auto, com prêmios de R$ 99,2 milhões até fevereiro, alta de 21,5%. Cinco registraram queda nas vendas e cinco evolução, considerando-se as dez maiores. O maior crescimento de vendas foi registrado pela Liberty Paulista, com alta de 75,9%, para R$ 75,6 milhões até fevereiro deste ano, comparado com o mesmo período anterior.
A maior queda de vendas entre as dez maiores ficou com a AGF Brasil Seguros, para R$ 50,2 milhões. Segundo César Torres, diretor de ramos elementares da Bradesco, o grupo optou por adotar o perfil agora pois tanto os consumidores como os corretores já estão mais conscientes e adaptados a tal prática.
Quando o perfil foi adotado houve muita polêmica e brigas judiciais em relação a negativas de indenizações por parte das seguradoras, questionando as informações dadas pelos segurados no preenchimento dos questionários. Ter garagem pode reduzir o custo do seguro, como ter filhos entre 18 e 25 anos pode encarecer. “Agora todos estão mais adaptados ao perfil, reduzindo riscos com reclamações”, disse Torres. Segundo ele, o questionário será adotado inicialmente na região metropolitana de São Paulo e Rio, com apenas sete perguntas. “A idéia é de que as outras praças adotem o perfil a partir de julho”, acrescentou.