Notícias | 11 de janeiro de 2006 | Fonte: Gazeta Mercantil

Banco perde mais com fraude virtual

Prejuízo com crimes pela internet cresce 20% e atinge R$ 300 milhões, segundo o IPDI. Com avanço do uso da intenet, os crimes contra instituições financeiras começaram a mudar. Até 1995, antes da internet comercial, 100% das perdas eram relacionadas a roubos de agências ou seqüestros de pessoas próximas aos bancos. Entre 1995 e 2000, esse tipo de ocorrência representava 90% do prejuízo e a clonagem de cartões, 10%. `Em 2004, 80% eram ocasionadas por fraudes na internet, 10% por assaltos a agências ou seqüestro e outros 10% por clonagem`, afirma Otávio Luiz Artur, diretor do Instituto de Peritos em Tecnologias Digitais e Telecomunicações (IPDI), empresa especializada em perícias digitais e apuração de crimes e fraudes no mundo cibernético.

O prejuízo causado por fraudes virtuais a bancos e administradoras de cartões somou R$ 300 milhões no ano passado, segundo estimativas do IPDI. O valor é 20 % superior aos R$ 250 milhões registrados em 2004 em perdas com crimes digitais por transações realizadas por meio de internet banking, compras on-line com cartão de crédito e clonagem de cartões. `Apesar de representar um grande volume, o resultado pode ser considerado bom se compararmos ao aumento das ameaças. As medidas de segurança adotadas pelas instituições impediram um crescimento de 150% no prejuízo, como aconteceu entre 2003 e 2004`, avalia o diretor.

O prejuízo poderia ser maior, de R$ 1 bilhão, se todas as tentativas de fraudes virtuais fossem bem sucedidas. Segundo o executivo, de cada três tentativas, duas são barradas pelo banco ou pela polícia. `As instituições financeiras procuram monitorar as transações. Dessa maneira, conseguem evitar perdas maiores`, afirma.

A Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban) estima que as instituições financeiras destinem 10% de seu orçamento em TI, que somou R$ 12 bilhões em 2004, para a segurança de sistemas. Já os gastos anuais com segurança patrimonial, como vigilantes e portas giratórias, são de US$ 1 bilhão.

As tentativas de fraudes bancárias via internet representaram 40% dos incidentes de segurança da informação em 2005, segundo o Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert.br). Nem todas as notificações de fraudes se referem a incidentes que realmente ocorreram, mas o aumento das ações criminosas é preocupante porque, em 2004, a participação deste tipo de ação era de apenas 5%.

O crescimento de 579% em relação ao ano anterior coloca as fraudes em primeiro lugar entre os tipos de ataques mais freqüentes em 2005, deixando scans (varreduras) em segundo, com 33%, e worms em terceiro, com 25%. O estudo avalia incidentes na internet reportados espontaneamente por administradores de rede e usuários. Em 2005, o total de notificações somou 68 mil ocorrências, número 10% menor do que em 2004 (75.722).

A principal ameaça, diz o diretor, são os programas que capturam as senhas dos internautas. O Brasil, aliás, é o terceiro país em número de fraudes bancárias realizadas por meio de roubo de dados pessoais, segundo estudo realizado em agosto de 2005 pela Unisys em oito países.

O País ocupa a última colocação no ranking de uso de internet banking para transações bancárias, com 18% de usuários on-line. O México lidera a lista, com 57%. Entre as razões para o baixo índice de uso de internet banking, informa a Unisys, está o alto índice de preocupação com fraudes – 70% dizem se preocupar `muito`. O estudo entrevistou 6,5 mil pessoas de 18 a 60 anos, com conta corrente ou cartão de crédito. Entre os mil brasileiros entrevistados, 9% foram vítimas de fraude, o que deixa o País atrás do Reino Unido (11%) e dos EUA, com 17%.

FAÇA UM COMENTÁRIO

Esta é uma área exclusiva para membros da comunidade

Faça login para interagir ou crie agora sua conta e faça parte.

FAÇA PARTE AGORA FAZER LOGIN