O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, lançou nesta terça-feira o novo Sistema de Informação de Crédito (SIC), que vai ampliar a atual operação da Central de Risco de Crédito, que cobre 8,6 milhões de clientes cadastrados. Segundo ele, o sistema exercerá um papel fundamental para aumentar a concorrência no sistema financeiro, oferecer mais crédito e na redução dos spreads bancários(diferença entre a taxa que os bancos pagam na captação e o que cobram dos tomadores de empréstimos).
“A ampla e livre circulação de informações é condição fundamental para que sejam alcançados dois objetivos prioritários deste governo: a expansão da oferta de crédito e a conseqüente redução dos spreads bancários”, disse, lembrando que ainda não existe projeção para a queda do diferencial de taxas. Questionado se a sua expectativa seria igual à do presidente da Associação Comercial de São Paulo, que prevê que o spread bancário caia 50%, ele afirmou apenas que espera que ele esteja certo.
O novo programa, que entrará em operação efetiva amanhã, buscará ampliar a capacidade do sistema, com dados mais detalhados, aumento de eficiência, capacitação e maior transparência. Com isso, o cliente “terá mais poder de barganha na negociação por melhores taxas e condições”, de acordo com Meirelles.
Ele disse que, além de o Sistema de Informação de Crédito permitir melhor controle do BC sobre o sistema financeiro, também vai oferecer informações mais rápidas e seguras sobre a capacidade de pagamento dos clientes que autorizarem a consulta, conforme já demonstrou o SIC em sua fase de testes.
O presidente do BC lembrou que o sistema também dará mais segurança aos clientes na medida em que a autoridade monetária poderá antever, com maior precisão, possíveis quebras de instituições financeiras e proteger os depositantes. Isso reduz a possibilidade de falências bancárias, com surpresas desagradáveis para seus depositantes.
Meirelles reafirmou que “oportunidades, regulação, competição e transparência são requisitos essenciais para assegurar a eficiência de qualquer setor em uma economia moderna”. O sistema financeiro não pode, segundo ele, ser exceção à regra, uma vez que nas sociedades abertas, com alta integração econômica, não há lugar para “caixas pretas”.
Ele afirmou que o SIC contribuirá “de forma relevante” para as instituições financeiras melhorarem a gestão de suas carteiras, porque vai disponibilizar informações que permitirão conhecer melhor o perfil dos tomadores de crédito. Isso é condição fundamental, acrescentou, para a expansão da oferta de crédito e conseqüente redução dos “spreads”.
Segundo Meirelles, o Sistema também deverá contribuir para a melhoria da gestão das carteiras de crédito das instituições financeiras. Isso porque os bancos consultarão operações de créditos, avais, fianças e limite de crédito antes de liberar o dinheiro.
Para Meirelles, outra vantagem é o maior conhecimento sobre o mercado de crédito. “Nossa intenção é clara: sem malabarismos ou invenções, queremos aumentar a competição do sistema financeiro”.