Notícias | 14 de setembro de 2005 | Fonte: Folha de S.Paulo

Assurê perde contrato de resseguros com estatais

A corretora Assurê, do empresário Henrique Brandão, perdeu os contratos de resseguro de Furnas Centrais Elétricas e da Infraero. As duas estatais, acusadas de envolvimento no escândalo do “mensalão” por recomendarem ao IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) a contratação da Assurê, em 2003, estão renovando suas apólices e decidiram não interferir mais na escolha do corretor.

Henrique Brandão, corretor de seguros há 36 anos no Rio de Janeiro e amigo do deputado Roberto Jefferson (PTB), foi acusado de cobrar mesada de R$ 400 mil do ex-presidente do IRB Lídio Duarte para os cofres do PTB e de exercer tráfico de influência em estatais para conseguir contratos no mercado de resseguros.

O resseguro é o seguro das companhias seguradoras. Quando assumem contratos muito altos, como no caso de usinas nucleares e da aviação, a seguradora transfere a maior parte do risco para o IRB, que o redistribui.

Furnas concluiu, na semana passada, a licitação para a renovação do seguro de ativos anual, avaliado em R$ 7,1 bilhões, vencida pela Bradesco Seguros, com apólice de R$ 13,25 milhões. O risco será dividido com a corretora PWS, que exercia o trabalho até 2003, para fazer a colocação exclusiva no exterior.

O presidente de Furnas, José Pedro Rodrigues de Oliveira, disse à Folha que a estatal não se envolveu na escolha. “Minha única relação é com o segurador, no caso, o Bradesco. A escolha da corretora de resseguros é problema do Bradesco e do IRB”, disse ele.

O contrato anterior de Furnas era dividido entre a PWS e quatro indicadas pela direção do IRB, substituída em junho. Apenas a PWS foi mantida.

Na Infraero, foi feito um seguro de dois meses com a AON, com apólice de US$ 399 mil (quase R$ 950 mil), enquanto a licitação para o contrato anual é preparada. Para 12 meses, a apólice atinge US$ 2,2 milhões (R$ 5, 2 milhões). O superintendente de Comunicação da Infraero, Nunzio Briguglio, disse que a estatal não interferiu na exclusão da Assurê e avalia que a recomendação da seguradora em 2003 foi uma trapalhada, induzida por ex-dirigentes do IRB.

Segundo informações do mercado segurador, o IRB só manterá as corretoras que “”agregarem valor” na prestação do serviço. O vice-presidente da Assurê Internacional, Sérgio Viola, disse que a decisão foi “”política”.

O diretor financeiro da Infraero, Adenauer Figueira Nunes, o ex-diretor de Gestão Corporativa de Furnas, Rodrigo Botelho Campos, e o ex-diretor financeiro da Eletronuclear, José Marcos Castilho, que assinaram as cartas, respondem a inquérito administrativo do Ministério Público Federal e a um inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A comissão de sindicância do IRB que analisou o caso apontou indícios de improbidade administrativa e de tráfego de influência.

No final de 2004, a Acordia (associada à Assurê) estava em 5º posição em volume de negócios com o IRB, ultrapassando empresas antigas no país, como a Willis e Arthur Gallagher. O crescimento foi atribuído a indicações de empresas estatais. Viola, afirma que Acordia e a Assurê não se preocupam com o ranking e não mudaram sua estratégia em razão das investigações. Ex-funcionário do IRB, por 30 anos, Viola diz que as denúncias sobre o suposto esquema de arrecadação de dinheiro para partidos no IRB não têm fundamento.

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