Notícias | 30 de setembro de 2005 | Fonte: Valor Econômico

Abertura vai modernizar todo o setor

O monopólio do resseguro no Brasil vai acabar, mas só os muito otimistas acreditam que isso ocorrerá em 2006. A crise política e a proximidade do ano eleitoral devem atravancar a pauta no Congresso e é pouco provável que o projeto de lei que rege sobre a abertura do mercado de resseguros no Brasil, em tramitação desde o início do ano, seja votado logo. O Brasil é um dos três últimos países do mundo que ainda detém o monopólio do seguro, juntamente com Costa Rica e Cuba. “É uma questão de tempo e a expectativa é que o tema não seja votado antes da eleição”, prevê o gerente executivo da Marsh Corretora de Seguros, Fábio Corrias. O fim do monopólio é visto pelos executivos do mercado segurador como um passo fundamental para a modernização do setor. “A abertura do mercado permitirá a expansão não só do setor de resseguros brasileiro, como também de seguros, sobretudo por meio do desenvolvimento de novos produtos, mais adequados às necessidades de cada risco”, avalia o presidente do IRB Brasil Re, Marcos Lisboa. “Além disso, haverá redução de preços para os clientes com melhor perfil de risco”. Lisboa, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, está no comando do IRB Brasil Re desde abril, após a demissão de toda a diretoria da estatal envolvida no escândalo do “mensalão”. A principal tarefa do executivo tem sido preparar a empresa para operar em um sistema de competição. Para isso, a estrutura interna do IRB está passando por profundas modificações e o relacionamento da empresa com o mercado também. Por meio da Circular 11/2005, a empresa liberou as seguradoras para pesquisarem cotações de resseguros diretamente no mercado internacional. O diretor executivo da Itaú Seguros, José Carlos Moraes de Abreu Filho, elogia a proposta de taxar de forma diferente os bons e os maus riscos. “Esta promessa de analisar as seguradoras de forma diferenciada, considerando o resultado que cada uma delas dá ao IRB, é outro acerto desta atual gestão”, diz. Em outra frente, o IRB está empenhado em transferir para a Superintendência de Seguros Privados (Susep), ainda este ano, a regulação e fiscalização do mercado de resseguro. “Queremos ser uma empresa como qualquer outra”, afirma Lisboa. Estas últimas movimentações no IRB animaram seus concorrentes de mercado, que há anos aguardam espaço para atuar no Brasil. “Estamos há oito, nove anos com escritório no Brasil e estamos prontos para cooperar com o processo de abertura”, afirma Henrique Oliveira, presidente da subsidiária brasileira da Swiss Re, segunda maior resseguradora do mundo. O executivo avalia que resseguradoras como a dele trarão para o Brasil um fluxo positivo de experiências internacionais de avaliação e subscrição de riscos, que irão ajudar tanto na elaboração de textos contratuais quanto na criação de novos produtos. Novidades podem ser esperadas nos seguros de property, riscos de engenharia, D&O (directors and officers, um produto para proteger executivos) e em seguros do ramo portuário. A competição no resseguro também deverá beneficiar as pequenas seguradoras que poderão receber o apoio dos grandes grupos resseguradores internacionais. “As pequenas poderão ser treinadas ‘in loco’ ou no exterior visando os nichos de mercado específicos”, diz o diretor técnico da Munich Re, Walter Polido, antecipando que tem interesse neste filão de mercado. “Nas áreas de seguros de pessoas, agrícola, responsabilidade civil, garantia e outros de potencial futuro, grandes esforços poderão ser concentrados”. Junto com a atividade resseguradora, espera-se o desenvolvimento de novos postos de trabalhos em atividades como a regulação de sinistros, por exemplo. Surgirão, também, novas empresas especializadas em análises de riscos – underwriting – e de serviços em geral para a atividade seguradora do país, principalmente empresas especializadas em ramos específicos, como o de riscos agrícolas.

Autor: Simone Guimarães

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