O comportamento do mercado de seguros no Brasil com a abertura do resseguro e a instalação do Centro Internacional de Seguros e Resseguros no Rio de Janeiro estarão em evidência segunda-feira, em seminário promovido pela Federação Nacional das Seguradoras (Fenaseg) em parceria com a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ), local do evento.
O interesse pelo assunto é grande. Prova disso é que as vagas para participar do certame foram preenchidas em menos de uma semana. A idéia dos organizadores é provocar um amplo debate, discutindo as novas oportunidades de negócios dentro de um cenário de abertura e também com a instalação de um pólo de resseguro, nos moldes dos que já existem, por exemplo, em Miami e em Dublin e que atraem milhares de novos negócios, gerando receita e empregos para o mercado de trabalho local.
O seminário “Mercado de Resseguros do Brasil e Centros Internacionais de Resseguro” reunirá especialistas nacionais e estrangeiros e conta ainda com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, da Prefeitura do Rio, da Superintendência de Seguros Privados (Susep), do IRB Brasil Re, da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
O Brasil é um dos poucos países no mundo onde ainda há o monopólio do resseguro. Para corrigir essa distorção, no início deste ano, o Governo enviou ao Congresso projeto de lei complementar que cria condições para o fim do monopólio do resseguro, com a transferência das funções do IRB para a Susep.
Enquanto o projeto tramita, o mercado segurador adianta-se e prepara-se para uma eventual abertura, processo que terá reflexos no modelo de negócio e, certamente, trará ganhos a curto, médio e longo prazos para o mercado e a sociedade.
Na visão de especialistas como a diretora de Ramos Elementares e de Resseguro da Fenaseg, Maria Elena Bidino, uma das maiores vantagens desse processo será a livre concorrência. “A prática da concorrência vai gerar melhores produtos de cobertura tanto para o seguro de pessoas físicas quanto para os maiores grupos industriais”, explica.
No Brasil, em comparação a outros países latino-americanos, a demanda por resseguro ainda é baixa. Em 2004, do faturamento gerado pela atividade de seguros, que foi de R$ 45 bilhões, apenas R$ 2,8 bilhões foram cedidos ao IRB Brasil Re, ou seja 6,3%. Mesmo assim, o interesse dos resseguradores internacionais pelo Brasil é cada vez maior e motivado, basicamente, pala força econômica do País, o crescimento regular do mercado segurador, a qualidade da carteira de riscos segurados e a ausência das catástrofes naturais.
Pólo
A criação de um Centro Internacional de Seguros e Resseguros no Rio de Janeiro é outro ponto importante que será discutido durante o evento. Especialistas acreditam que o Brasil poderá se transformar em um grande pólo de negócios de seguros e resseguros na região, e, ao mesmo tempo, ser um marco importante na revitalização econômica do Rio de Janeiro.
A proposta da criação desse pólo aglutinador de negócios é uma antiga idéia do mercado. Surgiu ainda nos idos de 1997, através de um estudo encomendado pela Fenaseg e pela Firjan à Delphos Serviços Técnicos.
Agora, com a perspectiva de abertura do mercado de resseguros, a proposta ganha corpo novamente. “Neste momento de reformas, de evolução, cabe uma séria reflexão sobre o sistema de cessão de responsabilidades, no qual prevalece a idéia do Centro Internacional de Resseguros”, afirma José Américo Peón de Sá, membro do Conselho Consultivo e da Comissão de Resseguro da Fenaseg.
Mas, o projeto só poderá ser colocado em prática a partir de mudanças na legislação estadual e municipal, visando proteger as seguradoras e, ao mesmo tempo, criar atrativos, como os que já existem em outros lugares no mundo, para os investidores que vierem para o centro.
A intenção dos dirigentes do setor é, ao reunir autoridades, empresários e segurados, debater propostas que possam viabilizar a criação do pólo de resseguro.