Todos os planos de previdência privada são iguais. Mas alguns são mais iguais do que os outros. Por isso, fique atento para não cair em armadilhas
Na hora de escolher o seu piano de pre-vidência privada, você deve prestar muita atenção em alguns quesitos. Talvez o mais importante seja verificar se o seu plano cobra a chamada taxa de carrega-mento, que muitas vezes incide sobre cada depósito que você faz, antes mesmo de ele chegar à sua conta. Além disso, convém ficar atento à taxa de administração, que incide sobre o seu patrimônio, cobrada pelas em-presas. Abaixo, listamos seis coisas que você precisa saber antes de definir o seu plano de previdência.
1 VOCÊ NÃO PRECISA TER UMA RENDA IGUAL A. QUE TEM HOJE Quase todo mundo faz a poupança levan-
do em conta os gastos que tem hoje, na ativa. Mas, segundo uma pesquisa realizada nos Estados Unidos na década de 50, um aposentado precisa de apenas 70% da renda dos tempos da ativa para manter o mesmo padrão de vida, principalmente em razão da redução de despesas como mensalidades da escola dos filhos, transporte e roupas para o trabalho. Mas há quem diga que é preciso mais do que isso. Para o consultor especializado em previdência, Silvio Paixão, sócio dos sites Dr. Previdência e Finance Center, o melhor é se programar para viver com pelo menos 80% da renda da ativa. “É preciso levar em conta que as despesas com médicos e remédios es-tão cada vez maiores”, afirma. “Os aposentados de hoje também não querem mais passar o dia na frente da TV, de pijama.”
AVALIE SE CONVÉM CONTRATAR PENSÃO PARA O SEU CÔNJUGE
Saiba que o seu cônjuge não tem direito a receber absolutamente nada, se você contratar um pia-no básico e vier a lhe faltar. Mesmo que isso aconteça no primeiro dia de sua aposentadoria. Para evitar o problema, se for do seu interesse, convém você estender a cobertura a ele, caso você venha a morrer antes. Claro que isso tem o seu preço. A contratação deste benefício adicional implica uma redução de sua renda na aposentadoria, considerando um mesmo valor de contribuição durante o período de acumulação de capital. Em vez de receber uma renda vitalícia de 5.000 reais aos 65 anos, por exemplo, quem contratar o benefício para um cônjuge da mesma idade receberá 3.940 reais. Mas a mordida varia conforme a empresa.
3 NÃO LEVE MUITO A SÉRIO AS • PROJEÇÕES DE BENEFÍCIOS No ato da venda do plano, muitos corretores
procuram fisgar o cliente com base em estimativas de sua renda futura. Só que, ao projetar o valor dos benefícios, algumas empresas, em vez de fazer o cálculo com base em juros conservadores, na faixa de 6% ao ano acima da inflação, inflam as taxas reais para até 12% ao ano. Desta forma, você acha que precisará poupar muito menos para ter a renda que considera adequada no futuro. “É difícil que os juros continuem tão altos quando se pensa em 30 anos pela frente”, diz o diretor-executivo comercial da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio Condurú.
Além disso, dependendo do tipo de plano que você contratar, o comportamento dos juros não vai influenciar, de forma direta, a sua poupança. Se você optar, por exemplo, pela contratação de um plano que invista o seu capital em aplicações indexadas ao dólar ou em ações, as previsões tornam-se ainda mais bizarras.
4 NEM TODOS OS GANHOS VÃO • PARA O SEU BOLSO Acredite, se quiser, mas é difícil saber ao cer-
to quanto rendem os diferentes planos de pre-vidência. A rentabilidade divulgada pelos jornais reflete apenas a variação das cotas. Ela não mostra o impacto da chamada taxa de carrega-mento, que pode alcançar até 10% sobre cada depósito e é cobrada por muitas empresas. Também não inclui a chamada taxa de saída, cobra-da somente por algumas empresas, sobre os saques e variável de acordo com o prazo da aplicação. Apenas a taxa de administração é debitada diretamente das cotas.
SÓ DÁ PARA MUDAR DE PLANO • NO PERÍODO DE ACUMULAÇÃO
Muita gente não sabe, mas a possibilidade que você tem de mudar a empresa na qual deposita sua poupança sem ser penalizado só vale durante o período de acumulação de capital. Depois que você começar a receber os benefícios não pode mais trocá-la. A sua renda mensal foi definida de antemão, conforme o valor que você poupou e o período de recebimento dos benefícios, e só será corrigida anualmente, com base na inflação.
6 VOCÊ PODE RECEBER O BENEFÍCIO DE UMA VEZ OU EM PARCELAS Quando você se aposenta, pode receber toda a sua poupança ou parte dela de uma única vez. Se preferir, pode optar por transformá-la, integral ou parcialmente, numa renda mensal. Mas saiba que, se optar por recebê-la em parcelas não poderá, até o final da vida, sacar o saldo de sua poupança.