Notícias | 11 de novembro de 2018 | Fonte: Humberto de Mattos Carrilho

50 anos de coincidências

Por Humberto de Mattos Carrilho

O ano era 1968, o mês outubro, nascia no Rio de Janeiro a instituição representativa dos corretores de seguros – FENACOR e em Londrina uma criança que anos mais tarde abraçaria a carreira securitária, moraria na cidade maravilhosa e se tornaria corretor de seguros no ano do seu cinquentenário.

Não se trata de contar a história da minha vida, mas de revelar coincidências.

Voltando para 1968, a profissão de corretor de seguros havia sido regulamentada quatro anos antes e “promovida” a integrante do Sistema Nacional de Seguros pelo Decreto-Lei 73/66.

A indústria de seguros no Brasil não chegava a 1% do PIB, e coube a esse “novo” profissional impulsioná-la para os mais de 6% atuais, como se faz com uma criança que necessita ser nutrida, acalentada, preparada para os desafios da vida, para que cresça com força.

Ainda no ano da criação da FENACOR, Jô Soares estrelava um comercial de televisão, que ao melhor estilo cinema-mudo promovia o seguro de responsabilidade civil de veículos do Grupo Atlântica.

No enredo criado, após as colisões traseiras e as costumeiras discussões entre os envolvidos, os causadores dos acidentes entregavam um cartão com os dados da apólice para que os reclamantes pudessem acionar suas reparações. Interessante observar que a 50 anos atrás o seguro era somente de responsabilidade civil e este era o atributo a ser destacado para o consumidor, atualmente as assistências passaram a ser as vedetes. Consciência do passado ou comodidades do presente?

Esse filme publicitário do ano do nosso nascimento guarda outra coincidência, já que em 1995 iniciei minha carreira na Bradesco Seguros, empresa que encampou a marca Atlântica.

Duas décadas depois, em 1988, Zuenir Ventura retorna a esse tempo conturbado da nossa história e escreve: “1968 – o ano que não terminou”, e o seguro de automóvel, que outrora buscava relevância com ofertas na televisão, começa a tornar-se objeto de desejo de consumo da população brasileira na categoria de proteção, ao lado do seguro saúde.

Na visão do escritor o ano de 1968 não terminou, assim como tampouco terminou a necessidade da população de proteger-se de riscos.

Mais 10 anos, em 1998, uma tragédia abala o Rio de Janeiro, a queda do Edifício Palace II. E onde está a coincidência? Foi justamente nesta rua, que ficou famosa por um triste acontecimento, que fui morar em minha passagem pelas terras cariocas.

A julgar pela demora nas indenizações (somente 25% dos prejuízos foram pagos aos beneficiários nesses 20 anos que se passaram), certamente a indústria do seguro não esteve presente.

Em comum nesses 50 anos de história: o corretor de seguros continua sendo o protagonista desse filme, iniciando na correta compreensão da evolução dos produtos para melhor orientar seus clientes, passando pela sua efetiva distribuição, pela operacionalização, nem sempre facilitada, e culminando com o pronto atendimento nos momentos do consumo efetivo daquilo que nasceu originalmente somente um papel, ou mais recentemente, um arquivo pdf – o sinistro.

O valor do corretor de seguros é incontestável, mesmo que tenham concorrido para o impulso do mercado segurador outros fatores como: a estabilidade monetária pós Plano Real, o apetite e a capilaridade dos bancos, a precariedade do sistema público de saúde ou a necessidade de complemento da renda previdenciária.

Pois somente este profissional dedica 100% do seu tempo à proteção de vidas, futuros, famílias e patrimônios, tirando daí seu sustento, faça chuva ou faça sol.

E o que esperar para os próximos 50 anos?

Eu penso que temos ainda muitos riscos com baixa cobertura de seguros, onde a consultoria destes profissionais será o diferencial diante das máquinas, a exemplo do segmento agrícola, da economia compartilhada, que substituirá a propriedade pela posse, dos riscos advindos das tecnologias inovadoras e muitas outras situações que surgirão num mundo em constante evolução.

Assim como os profissionais de TI, os engenheiros, os jornalistas tiveram que se reinventar, a maturidade de meio século chegou no momento oportuno para que o corretor de seguros também se reinvente.

Ah, e que venham mais coincidências e tempos que nunca terminem!

* Humberto de Mattos Carrilho é Administrador de Empresas, com Pós-Graduação em Marketing, MBA em Gestão de Negócios e Corretor de Seguros.

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