Saber Sabendo - Ensinando e Aprendendo | 16 de agosto de 2016 | Fonte: Sergio Ricardo

Saúde Suplementar – Tempos de revisão

saude-suplementar-400Sinceramente, eu não queria estar na pele de quem faz a gestão de uma operadora de saúde suplementar, mas ao mesmo tempo adoraria participar das discussões sobre o futuro desse segmento, importantíssimo para a economia e para a sociedade.

Há muitos anos tenho dito que o grande desafio do mercado de seguros é estar entre os desejos da população. Em parte, os seguros de automóveis venceram esta barreira e já podemos dizer que contratar seguro automóvel quando se pode comprar um veículo 0 km é sim um desejo dos consumidores. Os planos de saúde ampliaram isso. Hoje, ter um plano de saúde é um dos 3 principais desejos da população.

O problema é que o setor precisa de reforma, pois o modelo de negócios mostra que precisamos urgentemente entender que a sinistralidade orgânica ou médico/tecnológica não tem freio e em pouco tempo vai inviabilizar as operadoras, que não conseguem controlar os custos, justamente porque quem os demandam são os seus prestadores de serviço, sobre os quais elas têm muito pouca influência.

Os problemas são conhecidos. Para listar alguns:

1. Os planos individuais pararam (praticamente) de serem comercializados, porque a regulação da ANS é forte e determina o percentual de reajustes anuais, que são inferiores aos requeridos pelas operadoras;

2. Planos familiares são vendidos travestidos de planos empresariais, abrindo às portas para fraudes de todos os tipos;

3. Os planos por adesão são mais caros e as administradoras atuam, apenas, na comercialização;

4. Péssima qualidade na comercialização;

5. Corretores de seguros não são reconhecidos pela ANS;

6. Subscrição carece de instrumentos tecnológicos e estatísticos mais eficientes;

7. Foco na doença e não na prevenção;

8. Gestão de custos aquém do necessário;

9. Acesso irrestrito à especialistas, sem avaliação prévia de médicos clínicos;

10. Inúmeras consultas e exames desnecessários, e até repetidos;

11. Ausência de controle e acompanhamento dos tratamentos;

12. Emergências de hospitais funcionando como ambulatórios;

13. Ausência de tecnologia na ponta facilitando a fraude;

14. Envelhecimento da população;

15. Ausência de coordenação entre o SUS e a Saúde Suplementar;

16. Sinistralidade galopante dos planos.

Fazemos o dobro de ressonâncias magnéticas que os demais países da OCDE, mas a mesma proporção não se dá em termos, por exemplo, de exames preventivos.

Com tudo isso fui dar uma olhada nos preços e quase cai para trás. Escolhi um “plano classe média” ofertado por uma administradora de benefícios com uma seguradora de porte nacional. Na primeira faixa (0 – 18) o valor é de R$ 244,30, enquanto na faixa intermediária (34-38) é de R$ 473,10 e na última faixa (59 em diante) é de R$ 1.465,63.

Já sabemos que a expectativa de vida é maior e que isso significa que as pessoas vão estar, por muitos anos precisando dos planos, mas vale lembrar que os reajustes sempre são acima da inflação e que os aposentados não terão como sustentar isso por muito tempo.

Resolvi fazer umas contas. Com um plano custando R$ 1.465,63 por mês, isso significaria R$ 17.567,56 ao ano. Aplicando 10% de reajuste por ano, todo ano, já se viu onde as coisas podem parar.

Isso sem contar os remédios e tudo mais.

Temos que ter consciência do importante papel que o mercado de seguros tem e terá na sociedade, porque parte das soluções estará em saúde suplementar e outra parte em produtos de seguros de pessoas e de previdência.

Sergio Ricardo de Magalhães Souza

Executivo dos Mercado de Seguros com mais de 20 anos de experiência. Mestre em Sistemas de Gestão – UFF/MSG, MBA em Sistemas de Gestão – GQT – UFF. Engenheiro Mecânico – UGF. Membro da ANSP – Academia Nacional de Seguros e Previdência e Diretor do CVG – Clube Vida em Grupo RJ. Fundador do Grupo Seguros – Linkedin. Associado da ABGP, PMI, PRMIA, IARCP. Colunista da Revista Venda Mais e do Portal CQCS. Foi Coordenador de Pós-Graduação e Professor dos programas de Pós-Graduação do IBMEC, UFF, ESNS, FGV, FUNCEFET, IPETEC UCP, UVA, CEPERJ, ECEMAR, ESTÁCIO DE SÁ, TREVISAN, IBP, CBV. Sócio-Diretor da Gravitas AP – Consultoria e Treinamento, especializada gerenciamento de riscos, seguros e resseguro. e-mail: [email protected]

Sergio Ricardo

Executivo dos Mercados de Seguros e Saúde Suplementar com mais de 25 anos de experiência. Mestre em Sistemas de Gestão – UFF/MSG, MBA em Gestão da Qualidade Total – GQT – UFF. Engenheiro Mecânico – UGF. Foi superintendente técnico e comercial na SulAmérica Seguros. Foi membro da ANSP – Academia Nacional de Seguros e Previdência e foi Diretor de Seguros do CVG – RJ. Fundador do Grupo Seguros – Linkedin (https://www.linkedin.com/groups/1722367/). Associado da ABGP, PRMIA, IARCP. Colunista da Revista Venda Mais e do Portal CQCS. Coordenador de Pós-Graduação e Professor dos Programas de Pós-Graduação na UCP IPETEC, UFF, UFRJ, ENS, FGV, IBMEC, UVA, CEPERJ, ECEMAR, ESTÁCIO, TREVISAN, PUC RIO, IBP, CBV e é embaixador na Tutum – Escola de Seguros. Atualmente é coordenador acadêmico de vários cursos de pós-graduação, como o MBA Saúde Suplementar http://www.ipetec.com.br/mba-em-saude-suplementar-ead/, do MBA Seguros https://www.ipetec.com.br/mba-em-seguros-ead-new/ do MBA Governança, Riscos Controles e Compliance e do MBA Gestão de Hospitais e Clínicas na UCP IPETEC. Sócio-Diretor da Gravitas AP – Consultoria e Treinamento, especializada em consultoria e treinamentos em gerenciamento de riscos, controles, compliance, seguros, saúde suplementar e resseguro. www.gravitas-ap.com. Fale com Sergio Ricardo [email protected].

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