Por Sergio Ricardo
O prédio tinha 40 anos. Já dizem na imprensa e nas redes sociais que provavelmente foi mal construído (o que era prática muito comum no Nordeste e em outras regiões do país nas décadas de 70 e 80), mas a ação do tempo e ausência de manutenção estrutural ao longo dos muitos anos levou ao desabamento, ao que tudo indica.
As imagens dos pilares são chocantes (vide abaixo).
Como as pessoas, sobretudo os síndicos e conselheiros deixaram que o prédio chegasse nesta situação? Havia rachaduras nos apartamentos e/ou na lajes? Desde quando? Quando as estruturas foram inspecionadas por engenheiros? Oque diziam os laudos (se é que foram feitos)? Se ontem estavam mexendo nos pilares, já que estão descascados, porque o prédio não estava escorado ao se observar esse grau de corrosão nas ferragens?
Esse prédio, nessas condições, deveria estar interditado, mas não há como os órgãos públicos fiscalizarem tudo, razão pela qual sou absolutamente favorável à auto-vistoria.
SEGUROS E RESPONSABILIDADES
Se o condomínio não tiver contratado seguro de condomínio na modalidade ampla (todos os riscos), que é bem mais onerosa que a simples (coberturas nomeadas), não haveria cobertura, mas após ver as fotos dos pilares verifica-se que há negligência grave, o que faria que, mesmo com o seguro mais adequado, se pudesse questionar a cobertura ao sinistro.
Isso sempre gera discussão, porque a seguradora pode inspecionar os riscos antes ou dentro de 15 dias a partir do protocolo da proposta e, obviamente, danos estruturais aparentes não são súbitos. O que não sabemos, ainda: Será que há seguro contratado? De que tipo? Amplo ou Simples? Será que o prédio foi inspecionado? O seguro foi aceito ou negado?
Na prática os condôminos nem sabem direito o que e como os síndicos contratam seguros e a discussão nas assembleias gira sempre em termos de preço e não sobre o que está coberto, quais os limites etc. Já conhecemos muito bem isso.
Outros bons exemplos para pensar são a responsabilidade civil condomínio e do síndico que sempre são minimizadas na hora da contratação e, também, o seguro de vida dos funcionários e dos próprios condôminos (pelo menos morte acidental e invalidez por acidente).
QUAL O PAPEL DO SEGURO RESIDENCIAL?
Perguntaram-me sobre a eventual cobertura pelo seguro residencial. Poderia haver cobertura pela garantia de desmoronamento com verba destacada, desde que o seguro na cobertura básica fosse contratado em verba única ou prédio + conteúdo. Assim mesmo as seguradoras limitam a oferta dessa cobertura à 30% ou 40% do valor em risco, mas já seria um alento para mitigar as perdas.
Outra pergunta que me fizeram e para qual não tenho resposta: por que ainda não temos oferta de seguros residenciais all-risks no Brasil? Ótima pergunta. Na minha visão, pelo menos, a cobertura de desabamento poderia ser oferecida em uma alternativa com a básica.
Para os meus amigos corretores de seguros, vale lembrar que é sempre muito importante ao fazer cotações e fechar seguros é oferecer aos segurados todas as opções, cabendo a estes decidirem sobre o que querem contratar, mas assim os próprios corretores se resguardam das suas responsabilidades.
Sergio Ricardo de M Souza, MBA, M.Sc
Executivo dos Mercado de Seguros com mais de 20 anos de experiência. Mestre em Sistemas de Gestão – UFF/MSG, MBA em Sistemas de Gestão – GQT – UFF. Engenheiro Mecânico – UGF. Foi superintendente técnico e comercial na SulAmérica Seguros. Foi membro da ANSP – Academia Nacional de Seguros e Previdência e foi Diretor do CVG – Clube Vida em Grupo RJ. Fundador do Grupo Seguros – Linkedin. Associado da ABGP, PRMIA, IARCP. Colunista da Revista Venda Mais e do Portal CQCS. Coordenador de Pós-Graduação e Professor dos programas de Pós-Graduação do IBMEC, UFF, IPETEC UCP, ENS, FGV, FUNCEFET, UVA, CEPERJ, ECEMAR, ESTÁCIO DE SÁ, TREVISAN, IBP, CBV. É, atualmente, coordenador acadêmico de vários cursos de pós-graduação, como o MBA Saúde Suplementar (http://www.ipetec.com.br/mba-em-saude-suplementar-ead/), do MBA Gestão de Negócios de Seguros (http://www.ipetec.com.br/mba-em-negocios-de-seguros-ead/) e do MBA Governança, Riscos Controles e Compliance na UCP. Sócio-Diretor da Gravitas AP – Consultoria e Treinamento, especializada em gerenciamento de riscos, seguros, saúde suplementar e resseguro. www.gravitas-ap.com([email protected]).