Há alguns anos, enquanto ministrava uma disciplina de pós-graduação sobre Qualidade em Serviços para uma turma de pós-graduação em engenharia, eu dizia aos meus alunos que seguradoras, operadoras e as demais empresas do mercado eram lugares com grandes oportunidades para futuros engenheiros de produção, tamanha a complexidade e interação de processos, durante os ciclos de oferta comercial, subscrição de riscos, fechamento das operações e serviços, como por exemplo, sinistros, incluindo aí todas as consolidações financeiras, contábeis etc.
São inúmeros processos encadeados que um dia foram realizados apenas por pessoas, mas que nos últimos tempos foram sendo digitalizados, o que quase sempre exigiu revisitá-los e reescrevê-los, o que nem é simples e nem é fácil.
O que os usuários finais veem em portais de cálculo e sites são aplicações (ou aplicativos), denominados SPTs (Sistemas ou Soluções de Processamento de Transações) que alimentam com dados transacionais os grandes processos, onde as coisas de fato acontecem.
As Insurtechs ou as Healthtechs, por exemplo, constroem suas aplicações e ao final entregam arquivos de dados aos processos principais das seguradoras ou operadoras, ou seja, são parceiros de negócios complementares, que customizam soluções de forma bem mais rápida (porque não tem a responsabilidade do risco e nem de todos os processos principais).
Para bons entendedores estas empresas têm ideias (algumas vezes inovadoras, outras vezes pífias), que podem significar acesso a novos canais de vendas, clientes e meios de fazer negócio ou até desdobramentos em customização de novos produtos, a partir de estruturas já existentes nas seguradoras ou operadoras.
Perdi as contas das vezes que alguém entrava na minha sala com uma ideia mirabolante, em que o ideólogo insistia que viéssemos a investir, mas desistia quando pedíamos que traduzisse o sonho em um estudo de viabilidade técnica e econômica e, em estudos de risco e retorno.
O grande diferencial da inovação é o detalhamento das ideias em processos lógicos encadeados e em l correr os riscos (de investir e das coisas não darem certo).
No mercado de seguros, há pouco, assistimos a primeira geração de iniciativas empreendedoras inovadoras, com foco em marketing, vendas e construção de SPTs, mas em geral, muitas delas, concebidas por pessoas que não conheciam nada de seguros ou saúde suplementar, das suas operações, da regulação e, pior ainda, do consumidor de seguros. Parecia que alguns nem sabiam que os problemas vêm no atendimento ou junto com os sinistros (que é quando o consumidor de fato experimenta e avalia os serviços).
Portanto, não é verdade que uma indústria consolidada, secular e que representa quase 7% do PIB não inova. Perguntem a um seguradora estrangeira como se faz consolidação bancária de milhares de transações em menos de 24 horas, apenas como exemplo.
O problema é que para inovar tem que conhecer o assunto, estudar, pensar e investir (correr os riscos).
É bom que se ressalte: seguro sem corretor de seguro é loteria de risco.