Saber Sabendo - Ensinando e Aprendendo | 8 de novembro de 2021 | Fonte: Sergio Ricardo

Acidentes Aéreos

Em geral, os acidentes aéreos são raros, mas sempre que um avião cai o impacto que isso causa no imaginário das pessoas é impressionante, afinal, aviões foram feitos para voar; não para cair.

Quando há pessoas muito conhecidas, jogadores de futebol, artistas etc. é ainda mais chocante e trágico, não havendo como não gerar uma grande comoção.

O fato é que os acidentes aéreos advêm de falhas humanas, seja de forma direta (operação, supervisão ou controle) ou indireta, pois até quando uma peça se rompe, há uma falha de projeto, de manutenção ou até dolo de alguém.

O gerenciamento de riscos que envolve a aviação parte da premissa que as probabilidades de falha aceitáveis são de 1/10.000.00 em média, mas quando consideramos a eventualidade de morte em acidentes aéreos, a probabilidade aceitável é ainda menor.

Eu sempre digo que em algumas indústrias, sobretudo nas que perseguem padrões superiores de qualidade, operar em 6 Sigma é estar em Classe Mundial, mas poucas conseguem chegar perto disso. Na indústria da aviação, no entanto, a regra é operar em 7 ou 8 Sigma, ou seja, a probabilidade de falha é menor que 0,000001%.

Significa dizer que para manter padrões de risco aceitáveis, os órgãos que regulam a atividade exigem que os equipamentos e a tripulação operem em nível de excelência superior, o que se verifica pelo atendimento às exigências de manutenção preditiva e preventiva, segurança, treinamento, certificação e cumprimento das normas, inclusive as de voo.

Voar, enfim, é cumprir regras e protocolos. É, também, seguir mapas detalhados, bem mais complexos que os que imaginamos, sempre atualizados (pelo menos é assim que se espera que estejam), além de utilizar equipamentos que permitem identificar outras aeronaves em voo, possíveis obstáculos (como montanhas) e informações meteorológicas.

Com o tempo e a tecnologia, cada vez mais as probabilidades de falhas humanas sendo reduzidas, mas em tudo há uma contrapartida. O que é mais tecnológico é mais caro e para que funcione é necessário que os aeroportos cumpram a sua parte na evolução da segurança operacional, o que nem sempre caminha na mesma velocidade, ainda mais em aeroportos menores, com pequeno volume de voos diários.

A imprensa entrevista especialistas, as redes sociais constroem teorias, mas para saber de fato as causas dos acidentes e os seus desdobramentos teremos que acompanhar as informações que virão nos próximos dias e meses. Suspeita-se que houve colisão do avião com uma linha de transmissão de energia, mas ainda é prematuro especular (sem informações consistentes) o que levaria a isso.

Quanto ao seguro, está claro que a empresa de taxi aéreo era regular e tinha credibilidade, os seguros obrigatórios estavam em dia e os opcionais (casco e responsabilidade civil) podem ou não estar contratados, o que é de responsabilidade exclusiva da empresa, com vistas a preservação do seu patrimônio e do que eventualmente vier a ter que indenizar a terceiros, se configurada a sua culpa (objetiva ou subjetiva), em ação judicial transitada em julgado, se for o caso ou em acordo com a anuência da seguradora.

Para os amigos corretores de seguros que estão lendo esta coluna é importante pensar que, a esta altura, o corretor de seguros que atende a empresa e o corretor de seguros que atendia a cantora e os demais envolvidos possivelmente já se deslocaram para o local para dar assistência aos seus clientes ou às suas famílias, instruindo e tomando providências, avisando os sinistros e acompanhando todo o desenrolar dos acontecimentos.

Tudo isso e o que vem pela frente  é pago com a comissão do seguro já recebida nas apólices contratadas, e é por isso que corretores que abrem mão de parte dela na contratação para se tornarem mais competitivos, nessas horas se veem em maus lençóis.

Sergio Ricardo

Executivo dos Mercados de Seguros e Saúde Suplementar com mais de 25 anos de experiência. Mestre em Sistemas de Gestão – UFF/MSG, MBA em Gestão da Qualidade Total – GQT – UFF. Engenheiro Mecânico – UGF. Foi superintendente técnico e comercial na SulAmérica Seguros. Foi membro da ANSP – Academia Nacional de Seguros e Previdência e foi Diretor de Seguros do CVG – RJ. Fundador do Grupo Seguros – Linkedin (https://www.linkedin.com/groups/1722367/). Associado da ABGP, PRMIA, IARCP. Colunista da Revista Venda Mais e do Portal CQCS. Coordenador de Pós-Graduação e Professor dos Programas de Pós-Graduação na UCP IPETEC, UFF, UFRJ, ENS, FGV, IBMEC, UVA, CEPERJ, ECEMAR, ESTÁCIO, TREVISAN, PUC RIO, IBP, CBV e é embaixador na Tutum – Escola de Seguros. Atualmente é coordenador acadêmico de vários cursos de pós-graduação, como o MBA Saúde Suplementar http://www.ipetec.com.br/mba-em-saude-suplementar-ead/, do MBA Seguros https://www.ipetec.com.br/mba-em-seguros-ead-new/ do MBA Governança, Riscos Controles e Compliance e do MBA Gestão de Hospitais e Clínicas na UCP IPETEC. Sócio-Diretor da Gravitas AP – Consultoria e Treinamento, especializada em consultoria e treinamentos em gerenciamento de riscos, controles, compliance, seguros, saúde suplementar e resseguro. www.gravitas-ap.com. Fale com Sergio Ricardo [email protected].

Um comentário

  1. 100.325.759

    9 de novembro de 2021 às 8:28

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