Notícias | 30 de março de 2015 | Fonte: G1

Jornal divulga lista de citados em investigação de fraude na Receita

Vinte e quatro pessoas e pelo menos quinze escritórios de advocacia e consultoria são suspeitos de envolvimento num esquema de corrupção contra a Receita Federal.

Vinte e quatro pessoas e pelo menos quinze escritórios de advocacia e consultoria são suspeitos de envolvimento num esquema de corrupção contra a Receita Federal. Uma lista com nomes de empresas citadas nas investigações foi divulgada pelo Jornal O Estado de S. Paulo.
A Operação Zelotes investiga a venda de decisões do Carf, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda.

Até agora estão sendo investigadas 24 pessoas, incluindo conselheiros e ex-conselheiros, além de 15 consultorias e escritórios de advocacia.

O grupo é suspeito de manipular o resultado de julgamentos para favorecer empresas multadas pela Receita Federal. Para isso, negociava o pagamento de propina.

Segundo jornal O Estado de S. Paulo, a relação de empresas com julgamentos suspeitos inclui alguns dos maiores grupos empresariais do país. Entre eles, as montadoras Ford e Mitsubishi, o grupo do setor de alimentação BR Foods, que detém as marcas Sadia e Perdigão, entre outras, e a Light – distribuidora de energia do Rio de Janeiro.

Em alguns casos o jornal publica valores. O Banco Santander, tem dívidas tributárias de R$ 3,3 bilhões. O Bradesco e a Bradesco Seguros aparecem com débitos de R$ 2,7 bilhões. O Banco Safra, com dívidas em discussão de R$ 767 milhões. O Bank Boston, que foi comprado pelo Itaú, com processos envolvendo valores em torno de R$ 106 milhões. O Grupo Gerdau também é investigado por suposta tentativa de anular débitos fiscais que chegam a R$ 1,2 bilhão. E o Grupo de Comunicação RBS, que tem emissoras afiliadas da Rede Globo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, suspeito de pagar R$ 15 milhões para obter a redução de débitos fiscais de cerca de R$ 150 milhões.

Empresas investigadas na Operação Lava Jato também são citadas: sobre a Petrobras, a reportagem diz que processos envolvendo dívidas de impostos no valor de R$ 53 milhões estão passando por um pente-fino. Já a Camargo Corrêa é citada como suspeita de aderir ao esquema para cancelar ou reduzir débitos fiscais de R$ 668 milhões.

Quem também aparece na nova investigação, segundo o jornal, é o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. A suposta participação se deu quando ele era diretor da BR-Distribuidora, em 2010. Investigadores suspeitam que ele atuou como representante de fornecedores da Petrobras endividados com a Receita.
Segundo investigadores, a força-tarefa ainda está na fase de apuração dos fatos e, por isso, a lista de empresas pode diminuir ou aumentar. Ter o julgamento de suas ações no Carf sob investigação não significa uma condenação antecipada.

Entre os sete crimes investigados está o de tráfico de influência. Segundo os investigadores, uma conversa gravada com autorização da Justiça em setembro do ano passado, mostra que Edison Pereira Rodrigues, ex-presidente do Carf considerava traidor quem votava contra os interesses do grupo. Os investigadores agora vão se dedicar à análise do material apreendido durante a operação.
A maioria das empresas citadas diz não saber das investigações e nega qualquer irregularidade com a Receita Federal.
O Banco Santander disse que age sempre com ética e respeito à lei em processos administrativos e judiciais.
O Bradesco e a Bradesco Seguros informaram que não comentam assuntos sob investigação.
Segundo o banco Itaú, a área responsável pelas questões tributárias do Bank Boston ficou com Bank Of America, instituição com a qual não conseguimos contato.

A Camargo Corrêa afirmou que desconhece as informações da reportagem.
A Gerdau declarou que possui rigorosos padrões éticos com órgão públicos.
O grupo de comunicação RBS negou qualquer irregularidade em suas relações com a Receita Federal.
A Light diz que sempre agiu e agirá de acordo com a lei.

A Br Foods disse que não vai se manifestar a respeito de informações de fonte desconhecida e, que suas atividades sempre se pautaram pelo cumprimento da lei.
A Ford, Mitsubishi, Banco Safra e Petrobras não quiseram se pronunciar.
Nestor Cerveró está preso em Curitiba por causa da Operação Lava Jato. O advogado dele disse que desconhece a investigação e, afirmou que não há qualquer elemento que ligue seu cliente aos julgamentos do Carf.
Edison Pereira Rodrigues, ex-presidente do conselho, não atendeu nossas ligações.

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