Notícias | 19 de dezembro de 2014 | Fonte: Valor Econômico

Especial Maiores Grupos – A briga esquenta

De olho em uma indústria que cresce a um ritmo de dois dígitos anuais há pelo menos uma década, empresas estrangeiras buscam oportunidades para participar do mercado segurador brasileiro, que levantou só no primeiro semestre deste ano R$154,9 bilhões em prêmios.

Mesmo com a desaceleração econômica, as empresas do setor esperam avançar 12% em 2014 sobre o volume de R$ 291,1 bilhões negociado cm 2013. Para 2015, a meta é de alta de 10%. Apesar dos números grandiosos, a indústria de seguros no Brasil ainda é considerada pequena se comparada a outros países mais maduros. F. com muito potencial para crescer, o que explica o número de fusões c aquisições concluídas na última década.

Na maioria das vezes o casamento se dá entre grupos seguradores estrangeiros e grandes bancos com operação nacional. Outras vezes por meio de compra de seguradoras nacionais de nichos específicos por multinacionais. “Tem muita seguradora estrangeira ainda querendo entrar no Brasil. Sonsos o 12º país no mundo em consumo de seguros. Representamos apenas 6% do Produto Interno Bruto (PlB) e há muito a crescer, principalmente na base da pirâmide social do país” afirma Marco Antônio Rossi, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNSeg) c da maior seguradora do país, a Bradesco Seguros, com R$ 150 bilhões cm prêmios arrecadados.
As companhias de seguro, especialmente aquelas ligadas a bancos aparecem nas melhores posições entre os destaques do setor de finanças. Ocupam as primeiras posições no ranking dos 20 melhores desempenhos em quatro indicadores (veja quadros nos páginas a seguir).

É o caso da Caixa Seguros, que obteve 31,8% de rentabilidade sobre o patrimônio e ocupa a primeira colocação no ranking desse indicador. Foi dela um dos primeiros movimentos de consolidação no mercado. Foi em 2001 quando a seguradora francesa CNP adquiriu 5135 do capital da instituição. Mas foi só nos últimos anos que a estratégia de crescimento da Caixa Seguros se intensificou por conta de metas mais agressivas. O grupo segurador, no ano passado, faturou R$ 635 bilhões, teve lucro líquido de R$ 1.4 bilhão c prevê avançar mais 1215 neste ano. *)á nos nove primeiros meses de 2014. lucramos R$ 1.2 bilhão” comemora Thierry Claudon, presidente do grupo Caixa Seguros, sexta maior seguradora do pais.

Para dar suporte a um crescimento mais acelerado e em nichos ou regiões onde ainda não possuem presença relevante, a Caixa foi às compras. Primeiro, com a aquisição da seguradora gaúcha Previsul em 2013 por R$ 70 milhões que agregou uma equipe de 10,3 mil corretores a sua operação. “Outra aquisição, concretizada em janeiro deste ano foi da Odonto Empresas, por R$ 133,6 milhões pois não atuávamos em seguro odontológico” revela. Para Claudon a meta é assumir a terceira posição neste mercado em cinco anos. Para tanto, há um plano de reformulação e divulgação de uma nova logomarca sendo inesperado. “Vamos unir todas as marcas da Caixa Seguros em uma só. Mais simples de ser identificada. Por isso estamos otimistas.”

Em segundo lugar, entre as instituições que tiveram melhor rentabilidade patrimonial cm 2013, está o grupo Banco do Brasil (BB) Mapfre, que alcançou 28,1%. Está logo abaixo da Caixa também entre os 20 maiores lucros líquidos. Os dois grupos também ocupam a sétima e a oitava posições. Com R$ 1,4 bilhão cada um. Resultado da fusão entre a espanhola Mapfre e o Banco do Brasil, ocorrida há três anos, somente neste ano é que a integração de todos os sistemas e processos pôde ser quase que plenamente concluída. O grupo vê como positiva a consolidação e a maior concorrência no setor, e concorda com a Resolução 316, que estabelece regras de capital mínimo para funcionamento das seguradoras.

“Esse movimento torna o mercado mais completo e eficiente. A abertura das operações de resseguros também vem a complementar a competição”, avalia Marcos Eduardo Ferreira, presidente do grupo. O executivo comenta que a associação entre a estrutura especializada da Mapfre com a capacidade de distribuição dos produtos do BB criou uma força comercial enorme com produtos tecnicamente bem desenhados.

“Os indicadores melhoraram com a fusão. Nosso índice combinado que mede quanto da receita está comprometida com o pagamento de sinistros c gastos administrativos – está em 88,2%, enquanto a média de mercado é de 96%”,garante. O BB Mapfre, que opera principalmente nos produtos vida, auto, grandes riscos, rural c habitacional registrou lucro líquido nos primeiros nove meses de 2014 de R$ 1,25 bilhão, 43% superior a igual período de 2013. “Além da força do BB e de 20 mil corretores, temos parceria com outros 15 bancos que comercializam mais de 120 produtos”. E para reforçara estrutura de atendimento do pós-venda, o grupo está investindo R$ 16 milhões na inauguração de um novo call enter no fim do ano. “Inicialmente serão400 operadores. Até o fim de 2015, mil pessoas” diz.

No topo do ranking das instituições financeiras que mais cresceram no Brasil no ano passado, a Zurich, da Suíça, incrementou em 41% o total de sua receita. Atuando em parceria com o banco Santander na distribuição de parte de seus produtos como auto, residencial, vida e previdência, a seguradora vê um aumento de demanda espontâneo por seguros nos últimos dez anos por conta da alta da renda da população e o baixo nível de desempenho. “Tudo isso se refletiu na melhora do poder de compra inclusive dos produtos de segurança de bens e das pessoas”, afirma Edson Franco, presidente da Zurich Santander no Brasil. Na sua opinião, a união das duas operações desde 2011 trouxe melhora na gestão de risco, na gestão técnica, na sofisticação dos produtos, com maior escala de distribuição. O grupo contabilizou R$ 297,08 milhões de lucro líquido nos últimos 12 meses encerrados em junho de 2014,35% superior ajunhode2013.

O caso mais recente de incorporação por parte de uma empresa estrangeira foi aprovado em outubro deste ano pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Trata-se da aquisição da seguradora santista Marítima pelo grupo japonês Sompo Japan Insurance por meio de uma de suas subsidiárias, a Yasuda. Francisco Caiuby Vidigal, presidente da Yasuda Marítima, está animado com a operação e com as possibilidades que o marca do brasileiro traz. A nova empresa nasce com expectativa de faturamento de R$ 3 bilhões em 2014 (incluindo a subsidiária Marítima Saúde), valor 15% superior â soma do que foi obtido pelo grupo Marítima (Marítima Seguros e Marítima Saúde) e Yasuda Seguros em 2013. A companhia conta hoje com cerca de um milhão de segurados e registra perto de R$ 1,2 bilhão em ativos totais, patrimônio líquido de R$ 990 milhões e filiais em todo o território nacional. O Brasil se torna assim a principal operação do grupo fora do Japão. O lucro líquido deste ano deve ficar 40% menor do que em 2013, devido aos gastos com a integração. “Nos últimos cinco anos, investimos R$ 600 milhões nas operações no Brasil. A compra da Marítima nos coloca entre as dez maiores seguradoras do país. Queremos em breve estar entre as cinco”, planeja Vidigal.

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